Equipe multiprofissional e o doente grave
Vasta literatura comprova que o atendimento multiprofissional em saúde é necessário, e está relacionado com melhores desfechos ao paciente, maior grau de satisfação profissional e menores índices de burnout da equipe.
A Organização Mundial de Saúde elaborou um questionário de qualidade de vida chamado WHOQOL, amplamente utilizado em estudos na literatura científica, que contém subgrupo de questões a respeito de espiritualidade, religião e crenças pessoais. Contudo, currículos de ensino de graduação da área da saúde não abordam este aspecto, de maneira que nenhum profissional de equipe de saúde tem prática sistemática de avaliação espiritual em sua rotina.
Dos profissionais que compõem a equipe, contudo, todos tangenciam a dimensão espiritual, podendo adentrá-la se assim desejarem. O assistente social avalia como o paciente se organiza em sua casa para lidar com situações de crise, considerando rede de suporte e os próprios recursos intrínsecos do indivíduo, dos quais a fé é citada por pacientes como um dos principais. O psicólogo lida com o sofrimento psíquico, muito ligado a questões de sentido de vida, propósito e fé. Médicos e enfermeiros, lidam com situações de desespero de pacientes e familiares, sempre ouvindo pedidos de ajuda para o Sagrado e manifestações espontâneas de fé. Da mesma maneira, ocorre com os outros profissionais não citados.
Com isso, acredito que a abordagem espiritual é tarefa de todos os profissionais. Ao lidarmos com pessoas que portam doenças graves, o aprofundamento da espiritualidade do indivíduo pode servir como indicador de qualidade de atendimento para medir o quanto a equipe atua, verdadeiramente, de forma multiprofissional.
Tiago Pugliese Branco
Médico formado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas – 2003
Especialização em Geriatria no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP – 2006 / 2007
Título de Especialização em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – 2008
Título de Área de Atuação em Medicina Paliativa pela Associação Médica Brasileira – 2015
Secretário da Diretoria Regional Sudeste da Academia Nacional de Cuidados Paliativos – Gestão 2017/2018
Médico da Equipe de Cuidados Paliativos do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo desde 2010
Coordenador do Programa de Cuidados Paliativos do Hospital Paulistano – Rede Americas desde 2016
Professor Fundador do IES – Instituto Espiritualidade e Saúde.