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Do ponto de vista médico

O desenvolvimento tecnológico e científico é uma das causas apontadas para o afastamento das pessoas de suas crenças, religiões e espiritualidade em um senso amplo. O conforto da vida moderna e o aumento da longevidade distanciaram muitas pessoas de sofrimentos por perdas de entes queridos, postergando dilemas de significado espiritual como: “De onde viemos?”, “Para onde vamos?” e “Qual o sentido de nossa existência?”.

Profissionais da área da saúde tendem a relegar o aspecto humanístico de sua atuação a um segundo plano, concentrando-se no conteúdo científico de sua prática, extremamente complexo, amplo e cada vez mais superespecializado. Dessa forma, eventos, sintomas e desfechos relacionados às doenças são sempre analisados à luz da ciência. Contudo, os dilemas supracitados continuam sem resposta.

Certa vez, participei de uma reunião familiar na UTI, junto com colega médico intensivista, na qual pretendíamos comunicar familiares a respeito de piora do paciente e de sua condição de terminalidade. Ouvimos uma resposta do familiar, que é frequente em conversas deste tipo: “Tenho fé que Deus pode curá-lo!”. Entendo que isto tende a causar certo incômodo no profissional, pela impressão de não entendimento ou não aceitação do prognóstico de uma doença com destino inexorável na visão médica. Contudo, com o tempo, percebo se tratar, na maioria das vezes, de estratégia usada pelo sujeito em sofrimento para lidar com uma situação difícil e conseguir seguir em frente. Na ocasião, meu colega, preocupado com aparente interpretação errônea do familiar, retrucou: “Volto a dizer, do ponto de vista médico, não há chance de cura.” Foram palavras que talvez tenham acentuado a dor do familiar, sem efeito positivo.

Cada vez mais, entendo que o ponto de vista médico e o ponto de vista espiritual devem convergir, e não o contrário. O final da vida está previsto nos livros de medicina e nas escrituras religiosas. Ambas dimensões do conhecimento devem atuar no sentido de oferecer dignidade para o ser humano e conforto para a alma.

Sobre o Autor:

Tiago Pugliese Branco

Médico formado pela Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica de Campinas – 2003

Especialização em Geriatria no Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da USP – 2006 / 2007

Título de Especialização em Geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – 2008

Título de Área de Atuação em Medicina Paliativa pela Associação Médica Brasileira – 2015

Secretário da Diretoria Regional Sudeste da Academia Nacional de Cuidados Paliativos – Gestão 2017/2018

Médico da Equipe de Cuidados Paliativos do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo desde 2010

Coordenador do Programa de Cuidados Paliativos do Hospital Paulistano – Rede Americas desde 2016

Professor Fundador do IES – Instituto Espiritualidade e Saúde.